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PROJETO  TFG: Complexo Multifuncional- Requalificação do Centro Velho 

MEMORIAL

 

             O presente trabalho desenvolvido em parceria sobre a orientação do Arquiteto Professor Me. Franklin Ferreira aborda sobre a inserção de um Complexo Multifuncional no Centro Velho da Cidade de São Paulo, junto com a alta densidade da região consolidada, requalificando espaços públicos atrelados aos equipamentos existentes, oferecendo 7 tipologias de unidades habitacionais com intuito de explorar a integração de usos residenciais com as demais atividades oriundas da cidade contemporânea, como meio de promoção para uma vida harmoniosa, coletiva, lúdica, atrativa e social nos espaços subutilizados do tecido urbano. Diante dos problemas de mobilidade urbana, criminalidade em horários não comerciais, especulação imobiliária, degradação do Centro Velho e terreno  bem localizado com uso monofuncional abrigando em sua predominância um estacionamento cercado por muros, a resposta para a problemática levantada  foi a inserção de um Complexo Multifuncional  respeitando o contexto  já consolidado da região, não agindo com autoritarismo como o movimento moderno, mas sim atraindo as forças e carências do lugar como diretriz projetual para a formulação do programa do edifício atrelado junto com o seu organograma, garantindo assim, um espaço urbano ativo e atrativo em diferentes horários do dia, oferecendo novas conexões ao pedestre, e ajudando a diminuir o fluxo viário conturbado do entorno.

 

Através dos levantamentos urbanísticos , foram possíveis descobrir os principais problemas  da região. O projeto se inicia como uma resposta para a problemática apontada. As condicionantes urbanas como a ZEIS 3, importância histórica e cultural do lugar, patrimônio arquitetônico, uso e ocupação do solo, fluxo viário, gabarito de altura, carência de áreas verdes e espaços vazios e ociosos, designaram parte do caminho projetual com intuito de solucionar ou minimizar os problemas levantados explorando as potencialidades do lugar.

A principal  diretriz projetual não foi simplesmente como fazer um edifício  melhor, mas sim como fazer uma cidade melhor com a inserção do novo edifício. No processo projetual, buscou-se adensar o máximo interligando as torres com laminas na parte superior, inserindo uma galeria comercial entrelaçando as torres na parte inferior, promovendo o contato com as pessoas do lado interno com o externo diferente do conceito dos shopping centers onde há uma ruptura sobre a integração urbana com o edifício. 

Na atuação do Centro Velho, é quase impossível não se falar de patrimônio arquitetônico. Na Rua Tabatinguera existe a Capela do Menino Jesus e Santa Luzia onde a ideia é fazer com que o nova proposta se integre a ela, valorizando mais a Capela e o entorno deixando um recuo maior na Rua Tabatinguera na intenção de promover a extensão da Praça Doutor João Mendes.  

A forma do edifício  foi pensado como primícia, a subtração formando pórticos. O belo enfraquece se o mesmo não houver integração com a cidade, portanto, a sua forma se fundamenta pela sua transparência gerada pela composição de cheios e vazios, reduzindo sombras no entorno, facilitando a transposição de ventos predominantes do sentido sudeste, e incentivando o pedestre a permear pela quadra já que edifício contém grandes pórticos que promove um convite maior para as pessoas transporem pela quadra. 

Devido o terreno esta situado em uma região de colina, foi projetado 5 platos, tendo como objetivo a movimentação minima de terra, aproveitando os muros de arrimo existentes. Com a diferença de níveis foi possível fazer interligações aéreas e subterrâneas onde foi permissível a facilidade de acesso e transposição sobre o Complexo Multifuncional. De acordo com levantamentos executados em campo, foi constado um problema de acesso ao complexo, pois na Rua Conselheiro furtado o fluxo viário é intenso, atrapalhando o acesso do pedestre ao complexo já que maior parte das pessoas vem do lado da Praça Doutor João Mendes, pelo fato de estar próxima das Estações de Metrô e da Praça da Sé, sendo assim, a solução foi criar um acesso ao subsolo ligando a Praça Doutor João Mendes com o Pátio do Complexo onde abriga uma praça de alimentação e um bicicletário, já que a região tem carência destes usos. 

Embora haja um grande debate sobre a criação de estacionamentos na cidade, a proposta do edifício garagem para o projeto se justifica pela alta demanda no Centro, já que o terreno atualmente é tomado por estacionamentos. A solução não foi a promoção de mais vagas de estacionamentos para veículos, e sim foi a reorganização deste uso consolidado do terreno verticalizando e relocando em um outro terreno localizado na mesma Rua Conde de Sarzedas pelo motivo de ser mão unica em sentido para a Avenida do Estado, não afetando o transito conturbado do entorno nas proximidades da Praça Doutor João Mendes, Praça da Sé e afins. 

Além do edifício garagem, o mesmo abriga um mercado, com acesso para a Rua Doutor Thomaz de Lima. Aproveitando o relevo da topografia, no mercado foi inserido uma doca de carga e descarga, através dela é realizado tanto o abastecimento e descarga do mercado como também do Complexo multifuncional, já que é possível transitar mercadorias usando o sistema automatizado do edifício garagem através de suas plataformas móveis atreladas com os elevadores facilitando assim a logística do edifício como um todo.

O complexo multifuncional abriga 7 tipologias residenciais que variam de 25m² há 80m² para melhor flexibilidade do micro programa de cada família que usufruir da unidade habitacional. O complexo abrigará 673 unidades habitacionais, variando entre Duplex, Studio, Apartamento com 1 dormitório, Apartamento de 2 dormitórios e Apartamento de 3 dormitórios, respeitando a cota parte do plano diretor. Em cada pavimento tipo as janelas mudaram de posição para uma melhor composição da fachada.

Temos, em média, 3% da população brasileira frequentando academias, ou pouco mais de 7 milhões de pessoas. Nas grandes capitais, esse percentual chega a 15% da população. Com a mobilidade social proporcionada pelo avanço econômico dos últimos anos, 74% dos brasileiros encontram-se entre as classes A e C, o que representa 140 milhões de potenciais consumidores. Sendo assim, existe alta demanda para a academia tanto macro como micro sobre sua inserção no Complexo. 

Devido ao Complexo abrigar 673 familias, surgiu a demanda de uma creche, não simplesmente pelo programa, mas como forma de ocupação dos grandes terraços formados pelos pórticos do complexo. 

O corporativo do Complexo, devido a grande oferta  predominante no Centro Velho de edifícios  com usos corporativo, a proposta do Complexo foi trabalhar com escritórios pequenos e compactos usando 6 tipologias aproveitando as partes inferiores do complexo onde existe um assombreamento maior , com o objetivo de propor escritórios com um custo de locação mais acessível para pequenos e micro empresários. O foco principal é aproveitar o uso consolidado do entorno, atribuindo ainda mais para que o trabalho fique o mais próximo possível da moradia, contribuindo parcialmente para uma melhor mobilidade urbana da Cidade de São Paulo.

A Cidade de São Paulo é conhecida como a Cidade que não dorme, negócios, trabalho e diversão. Tirar uma soneca depois do almoço, pode ser algo produtivo e saudável, portanto, o Cochilódromo se justifica pela demanda da Cidade. A ideia foi fazer o Cochilódromo integrado com o Bom prato e Albergue ( Hostel ) justamente para ambos os usos dar suporte um para o outro. O Bom Prato interliga o uso do Hostel e Cochilódromo pelo fato de oferecer uma refeição de qualidade e acessível a todos. Pela reação natural do corpo humano após a refeição que é a sonolência, a proximidade do Cochilódromo com o Bom Prato se  justifica pela demanda. 

O sistema estrutural foi optado por desenvolver um sistema de uso misto, garantindo melhor funcionalidade do programa, da térmica e da volumetria. O conjunto estrutural é formado por Caixas de concreto para um contraventamento vertical da estrutura e circulação vertical do edifício, estrutura em aço para trabalhar com vedação de Stell Frame, laje nervurada nos ultimos pavimentos e na galeria comercial para um contraventamento horizontal da estrutura do edifício e melhor melhor retenção de raios solares resultando em uma temperatura mais agrádavel da edificação.

O Complexo Multifuncional rompe com o conceito modernista dos usos comerciais serem na parte do térreo e nos primeiros pavimentos. A proposta do presente projeto é distribuir os usos comerciais e serviços em diferentes níveis do edifício dando utilidade aos imensos terraços, fragmentando o convívio publico , semi publico e social sobre todo o Complexo através da localização dos usos, com intuito de reduzir áreas ociosas da edificação. O resgate da importância dos cinemas como meio de entretenimento para o Centro da Cidade se faz presente neste projeto, tendo intuito de aproveitar a empena cega da edificação existente do Complexo inserindo um telão atrelado com um jardim vertical na parte superior, junto com uma arquibancada e uma quadra poliesportiva para melhor aproveitamento de espaço do pavimento inferior composto por um pé direito variado devido a inclinação da arquibancada. O aproveitamento da empena Cega resulta em uma melhoria da paisagem urbana e promove vida quebrando a monotonia e deixando assim a cidade mais humana.

Concluindo, a proposta apresentada tem como objetivo principal a melhoria do entorno através de uma edificação de multiuso inserida. A utilização de um estacionamento localizado em uma área importantíssima que carece de uma requalificação aproveita espaços ociosos ou subutilizados  promovendo vida e harmonia para a cidade, contribuindo parcialmente sobre a principal proposta do atual ( PDE ) Plano Diretor Estratégico que é a melhoria da mobilidade urbana. Devido a inserção do objeto arquitetônico em uma região consolidada, o grande desafio foi como implantar uma grande megaestrutura em um contexto onde existe uma riqueza histórica,  cultural e social ?  Finalizando, a projeto foi desenvolvido procurando responder a problemática levantada sobre a questão de como acrescentar um grande edifício que trás o novo e ao mesmo tempo respeita o contexto consolidado do entorno.

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